A Crítica de Darwin ao Argumento Teleológico de Paley
Do início da filosofia até aos dias atuais, esta questão tem constantemente permeado os debates filosóficos: Deus existe? Ao longo da história, foram propostos argumentos com o intuito de demonstrar racionalmente a existência de Deus. Podem-se dividir, para efeitos práticos, tais argumentos em quatro tipos, a saber: ontológico, cosmológico, kalam e teleológico. Apenas esse último será tratado neste texto.
O argumento teleológico ou argumento do desígnio foi apresentado de diversos modos no decorrer do tempo, sendo bastante famosa a Quinta via de Tomás de Aquino e a própria versão de Paley, que será abordada logo abaixo. Apesar das diferenças, pode-se dizer que esse argumento tenta demonstrar que a natureza foi planejada com algum tipo de propósito ou finalidade (daí o nome teleológico), já que quando a contemplamos encontramos sinais nítidos de desígnio.
Os organismos biológicos, especificamente, aparentam em máximo grau terem sido planejados, haja vista a intricada complexidade biológica de seus corpos. No que se segue, apresentarei dois modos distintos de explicar o desenho e a complexidade biológica, a primeira delas invoca um Deus pessoal onipotente, onisciente, onipresente, eterno e sumamente bom (seção 2), enquanto a outra explicação prescinde de um Planejador sobrenatural e se baseia tão-somente em um processo cego sem qualquer tipo de antevisão (seção 3). Pretendo mostrar que essa última explica adequadamente a complexa estrutura biológica do olho ao mesmo tempo em que demonstro que não há qualquer evidência de planejamento inteligente desse órgão (seção 4).
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Fonte: Artigo originalmente publicado como o 3º capitulo (pp. 84-108) do livro Filosofia, Religião e Secularização, organizado por Antonio Glaudenir Brasil Maia e Geovani Paulino Oliveira (Porto Alegre: Editora Fi, 2015). Para acessar o artigo completo, clique aqui.. Reproduzido também no Blog do Núcleo de Estudos de Filosofia Analítica (NEFA).