A longa história do olho humano
A edição de agosto da Scientific American Brasil merece destaque. Com o nosso Nicolelis na capa, todos os temas que se enquadram no âmbito de interesse dos assuntos tratados nesta rede social estão muito interessantes, em especial aquele que trata da evolução do olho dos vertebrados. Farei a seguir um breve comentário de cada um deles.
Em "Mente Fora do Corpo" o próprio Miguel Nicolelis narra sua aventura quase dramática para superar o ceticismo da comunidade de cientistas de sua área que ele mesmo caracterizou como "ultraconservadora" e relata os avanços que obteve em suas pesquisas antevendo um futuro quase que de um cenário de ficção científica, com possíveis "fusões de mentes" conectadas em redes, controle de máquinas à distância através de comandos cerebrais e muitas outras possibilidades intrigantes.
Na seção de Fisiologia, Douglas Fox, jornalista colaborador do New Scientist escreve sobre o possível relacionamento entre a capacidade de processamento de informações do cérebro dos seres vivos relativamente às variáveis volume cerebral absoluto, quociente de encefalização, lei de potência e seus deslocamentos (ver gráfico da página 41) e explora as consequências de um hipotético aumento do volume cerebral nos humanos com base nas leis da física e na impossibilidade de um "retorno à prancheta".
Em ciências do meio ambiente, o professor de geociências da Pennsylvania State University, Lee R. Kump, traça um quadro comparativo entre alguns eventos de aquecimento global no passado geológico, o efeito estufa do Cretácio (lento), o MTPE , Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (com duração de alguns milhares de anos) e o atual ritmo de aquecimento (ultra-rápido, acelerado) e suas possíveis consequências.
Na seção de Biologia, nosso quarto e último assunto (e o mais importante no que diz respeito ao debate evolução-criação especial) trata da evolução do olho dos vertebrados escrita pelo pesquisador Trevor D. Lamb, ativo em dois grandes centros de pesquisas, artigo este entitulado "A Fascinante Evolução do Olho". O autor realiza uma incrível viagem ao passado procurando pistas no período conhecido como "Explosão Cambriana" com o olho de um investigador criminal colocando em evidência as diferenças entre o olho composto dos insetos e o dos vertebrados tipo câmera, acentuando o papel do acaso na diferenciação de funções relativamente ao período de tempo transcorrido desde os estágios iniciais identificados em vertebrados primitivos (peixe-bruxa e lampreia) até o seu estágio final tal como é conhecido nos atuais vertebrados, entre eles nós, os humanos. Termino aqui e para quem se interessar, boa leitura.