Comida quentinha e grandes cérebros em corpos pequenos:
As pesquisadoras brasileiras, Karina Fonseca-Azevedo e Suzana Herculano-Houzel (do Instituto de Ciências Biomédicas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e do Instituto Nacional de Neurociência Translacional), acabaram de publicar um artigo, na revista PNAS, no qual mostram que as limitações metabólicas associadas ao número de horas disponíveis a alimentação e o baixo valor calórico dos alimentos crus impõe um ‘compromisso’ (trade off) entre o tamanho corporal e o número de neurônios do cérebro, o que explicaria o pequeno tamanho do cérebro dos grandes macacos sem cauda em comparação aos seus grandes tamanhos corporais. De acordo com as autoras do artigo, provavelmente, estas limitações teriam sido superada pelas populações de Homo erectus por meio da mudança para uma dieta de alimentos cozidos. Assim, sem a necessidade de gastar mais horas do dia em forrageio e alimentação, uma nova combinação, do novo tempo livre de sobra e da possibilidade do grande aumento do número de neurônios do cérebro (ambos possibilitados pela dieta de alimentos cozidos), teria ocorrido de modo a constituir-se na principal força motriz positiva que teria levado ao rápido aumento no tamanho do cérebro em nossa linhagem durante nossa evolução (de acordo com as pesquisadoras), ou, pelo menos, funcionando com fator que possibilitou o surgimento de um novo contexto ecológico e demográfico em que novas pressões seletivas, talvez, de natureza socioecológica puderam levar a este aumento de tamanho cerebral que antes simplesmente não teria sido viável. O artigo está livre no site do PNAS e merece uma conferida.
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Literatura Recomendada:
Fonseca-Azevedo K, Herculano-Houzel S. Metabolic constraint imposes tradeoff between body size and number of brain neurons in human evolution. Proc Natl Acad Sci U S A. 2012 Oct 22. [Epub ahead of print] PubMed PMID: 23090991.
Grande abraço,
Rodrigo