Dia C da Ciência
No início do século passado o cientista Carlos Chagas alcançou um feito único na História da Medicina ao relacionar os organismos e os aspectos relacionados à doença infecciosa que leva o seu nome. Chagas não só descobriu que o protozoário Trypanosoma cruzi (agente causador da doença) era transmitido pelo triatomíneo popularmente conhecido por barbeiro, como descreveu as manifestações clínicas e a epidemiologia da referida doença. Por sua relevante pesquisa acadêmica, Chagas foi por duas vezes indicado (1913 e 1921) ao Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina.
Dezenas de laboratórios brasileiros uniram forças há 20 anos para realizar uma façanha restrita a poucas potências mundiais – o sequenciamento completo de um genoma. O organismo biológico escolhido foi a bactéria Xylella fastidiosa, causadora de uma praga nos laranjais brasileiros e responsável direta por consideráveis prejuízos econômicos. Como não poderia ser diferente, o primeiro sequenciamento do genoma de um fitopatógeno no mundo colocou o Brasil na ponta da pesquisa em Biologia Molecular, além de desempenhar relevante papel na formação e no aperfeiçoamento de numerosos cientistas brasileiros.
Recentemente, a União Internacional de Matemáticos atribuiu pela primeira vez o mais importante prêmio desta área a um pesquisador da América Latina, o carioca Artur Avila. Quadrienalmente, no mínimo dois e no máximo quatro jovens matemáticos (com idade inferior a 40 anos) são laureados com a Medalha Fields. Com Avila, o Brasil se torna um dos 22 países a receber a mais distinta honraria da Matemática.
Os exemplos supracitados pretendem dar uma pequena amostra da importância tanto teórica como prática da Ciência e da Tecnologia para toda e qualquer sociedade. No que se refere à sociedade brasileira, as Universidades e os Institutos Tecnológicos produzem impressionantes 90% da pesquisa em nosso País! Só para se ter uma ideia do recente avanço científico tupiniquim, basta termos em mente que em um curto período de 20 anos (1993-2013) passamos da 24ª à 13ª posição do ranking de pesquisa científica mundial.
Infelizmente, o atual Governo Federal não parece compactuar com a evidente relação positiva entre a pesquisa científica e os avanços educacionais, sociais e econômicos para a sociedade, haja vista os severos cortes econômicos que tem infringido à Política Nacional de Ciência e Tecnologia do País. Nós do Grupo de Estudos Sobre Evolução Biológica (GESEB) compreendemos que o dinheiro aplicado para o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia nas Universidades e nos Institutos Tecnológicos é um investimento que, cedo ou tarde, retornará multiplicado educacional, social e economicamente para o Brasil.
Finalmente, aproveitamos o ensejo para convidar todos para participarem das reuniões periódicas do GESEB, bem como para se fazerem presentes no II Encontro Alagoano de Evolução (março de 2018) e na 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (julho de 2018), que pela primeira vez ocorrerá em solo alagoano. Sejam todos bem-vindos!
25 de outubro de 2017
Maxwell Morais de Lima Filho (GESEB/UFAL)