Wednesday January 18, 2012
Anonymous: Por que os europeus e asiáticos desevolveram sua cultura mais rápido, enquanto povos da América e África ainda eram primitivos?
Antes de tudo, eu (pessoalmente), discordo da afirmação contida em sua pergunta, pois civilizações como as dos Egípcios, Mesopotâmios, Sudaneses na África e Oriente Médio, e as diversas culturas pré-colombianas como as dos Astecas, Maias e Incas, nas Américas Central e do Sul mostraram, desde muito cedo na história humana, alto refinamento e vários avanços técnicos e, portanto, não poderiam ser chamadas de primitivos. Termo esse aliás bem carregado e impreciso.
O assunto é complexo e esbarra em uma questão um tanto arbitrária que comparar e julgar civilizações e culturas humanas diferentes.
Porém, na nossa história mais recente, nos últimos 400 ou 500 anos a civilização Europeia realmente exibiu um rápido desenvolvimento em função de uma grande capacidade de aglutinar, manter e refinar elementos tecnológicos de outras culturas, especialmente por causa do comércio marítimo e por terra que acabou por culminar nesta sociedade global que estamos inseridos hoje.
Uma das características das civilizações Europeias e Eurasiáticas é são sua estabilidade que permitiu com que crescessem e se disseminassem pelo mundo nesses últimos séculos.

Jared Diamond argumentou brilhantemente que estas civilizações levaram vantagens por causa, não de uma superioridade biológica ou cultural intrínseca, mas sim por causa da própria logística inerente ao continente Europeu, com sua vasta extensão de terras nas mesmas latitudes e do seu ambiente que facilitaram a migração, o intercâmbios e transmissão de cultivares, a transferência de aplicação de técnicas agrícolas e pecuárias e, inclusive, a disponibilidade de certas poucas espécies de animais e plantas que se prestavam a fácil domesticação. Isso deve ter permitido o acumulo tecno-cultural que alavancou a expansão das culturas ali existentes, diferentemente do que ocorreu em outras regiões das Américas e África que inclusive passaram por ciclos ambientais e socioculturais que não teriam lhes permitido crescer da forma como as civilizações Europeias e Eurasiáticas o fizeram nestes últimos séculos, época em que a massa crítica de indivíduos possibilitava as empreitadas colonialistas que caracterizaram nossa história mais recente.
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Literatura Recomenda:
Diamond, Jared Armas, Germes e Aço. Os destinos das sociedades humanas. Editora Record 2003 476 páginas.
Diamond J. Evolution, consequences and future of plant and animal domestication. Nature. 2002 Aug 8;418(6898):700-7. PubMed PMID: 12167878.
Grande abraço,
Rodrigo